domingo, julho 16, 2006

Inesquecível é aprender

Pois é, a vida prega muitas nas pessoas. Há razão em se fazer passar por certas ocasiões tão únicas para cada pessoa? Felizmente, esse adjetivo é abrangente e declara que cada pessoa em si é única. Imagine então todas as experiências pelas quais ela passa. Não há resposta fácil para nenhuma delas, mas há uma razão engrandecedora que faz cada um seguir em frente e aproveitar conscientemente todas as outras que a vida ainda há de proporcionar. E quem sabe não há uma resposta para as peças mais à frente?

Uau! Nem vou falar agora da inspiração para tal parágrafo. Como disse "A noiva" de Kill Bill, no primeiro volume - logo antes de começar o capítulo três -, "first comes first", o equivalente a "comecemos pelo começo". Então,desde a última postagem, que foi na quinta-feira a noite, eu ainda tenho algumas coisas a descrever sobre o bendito. Conversou e riu muito com as primas Clarissa e Alessandra, enquanto passava as obras de arte que são aquelas fotos. Eu não publico aqui, pois eu me envergonho por Thúlio. Ainda vimos mais um filme naquele dia. A versão original de O massacre da serra elétrica, que se passa no Texas (e sozinho em casa...heheh...). Uau, assustador.

A sexta-feira, diferente do usual, foi carente de cinema, mas não de filme. Isso fica claro aqui. Mas por que Thúlio não foi ao cinema? Thúlio tem mania de ver em demasia. Mesmo que só fossem estrear dois filmes, ele queria ir bem cedo para ver o máximo que podia. Mas ele acordou tarde, e essa idéia se tornou inviável. Mas não foi o fim de mundo para ele. Ele fez seu almoço (o último sozinho) - camarão, arroz e farofa-, jogou conversa fora na internet, e teve um disparo. Surgiu na criatura a vontade de fazer o bendito brigadeiro que há tanto queria fazer. Resultado? Walmart ganhou uns dólares em troca de mercadoria (nossa como era bonito estudar a origem do comércio, tudo na base das trocas). De volta rapidamente a casa... Um momento antes, quase esqueço. Ele foi antes à Hollywood Video. Sim, foi. E alugou lá oito filmes, não se aguentou lá dentro, mas foi forte o suficiente para resistir ao número 10. Então, qual a combinação final? Brigadeiro e filme. E nossa, mãe! Como estava bom o brigadeiro. Mas realmente é um mistério saber se estava assim bom por mérito ou pelo longo tempo sem ver a cor (hehe...). Muito bom mesmo. Depois, um outro filme na televisão (foram Despedida de Las Vegas e American Graffiti, respectivamente). Nada mais de importante, somente a vontade de dormir para alcançar os objetivos do sábado.

Embora visasse seu alcance, os objetivos não foram de jeito nenhum alcançados. Primeiro, acordou sim cedo, e foi ver um dos filmes alugados. Na capa, a indicação era uma duração de 1h25 minutos. Perfeito para quem em duas horas já deveria estar no cinema. Mas o filme não acabou nesse tempo. Foi a hora de fazer algo detestável: parar o filme e continuar depois. Mas isso não desanimou nosso protagonista que tanto queria assitir sete filmes no cinema. O máximo já visto foi de seis filmes, em junho de 2003. Viu-se o primeiro filme, viu-se o segundo. Mas quando entrava para o terceiro, uma sensação terrível de esquecimento se avolumou do peito do rapaz. A sombra da dúvida foi forte o suficiente para que quando a mão tocava o bolso traseiro - e não encontrava o volume desejado - já não houve mais susto. Com licença, sala, mas minha carteira sumiu. Voltou correndo à sala anterior, o otimismo lutando vitoriosamente contra o medo. Eu vi que ele tirou a carteira do bolso e colocou ao seu lado (no qual não havia ninguém a umas 12 poltronas) pois o volume em que sentava estava incômodo. Logo, a reação foi de ir logo passando a mão como um detector de minas procura os explosivos alvos. Nada. No chão, abaixo das cadeiras sentadas, das cadeiras da frente? Nada. Reconheceu logo o rapaz que entrara para limpar a sala. Thúlio fora o último a sair - o filme tem uma cena extra após os créditos - e vira-o entrando. Ele não viu nada. Eu desconfiei dele, mas Thúlio tem uma incansável disposição de procurar o bem nas pessoas. Então começaram as viagens, ao concession stand e guest service, para ver se alguma alma boa não tinha visto e entregue aos achados e perdidos. Mas aí está uma questão que não esqueço: fomos os últimos a sair da sala, não havia ninguém mais lá. Claro que a fome nos gastou um tempo na fila da pipoca, com a qual não se usou dinheiro, somente o pedido de refil. Foram menos de dez minutos entre a saída da sala e a volta à ela. Uma pessoa ter entrado lá "destinada" a encontrar minha carteira nesse tempo e simplesmente ter se picado não é de todo impossível, mas no mínimo improvável. Depois que ajudei Thúlio a se lembrar de que tinha sido nessa sessão mesmo que perdera a carteira (ele pensou ter sido na primeira, mas lembro dele pegando-a durante o filme em questão). Foi inclusive ao banheiro procuar no seu corpo porque o nível de descrença estava alto. Aquilo tinha sido algo atordoante, mas nunca feriu o otimismo. Determinado a encontrar a bendita, assistiu de novo o filme na mesma sala, para que pudesse procurar mais uma vez assim que esvaziasse. O filme, pelo menos, não sofreu com o estado de espírito e agradou como sempre teve feito (refiro-me ao Piratas...). Nada. Achados e perdidos, nada. A trajetória de filmes já estava completamente desacertada, mas mesmo assim se construiu outra no lugar. E entre os filmes, alguém dos achados e perdidos era incomodado por essa pessoa fisicamente calma. Nada (que repetição chata dessa palavra, não? Já está virando vício de construção...). E ainda tive que aturar Thúlio ver um filme pífio, que era destinado a fazer o público rir, mas isso não foi atingido na exceção da sala que era ele. Sim, foram seis filmes. O objetivo eram sete, mas seis continua sendo o recorde, agora em dupla experiência (e agora me lembro que a outra vez também teve doses de experiências... pessoal). Mas eu olhei direito para Thúlio e vi que isso não fazia a menor diferença. As coisas são tão relativas, os valores dados a elas também. Não teve jeito, chegou em casa, comeu, banhou-se e dormiu. Só um pensamento na cabeça...

O alarme estava programado para as 9h30 da manhã, afinal filmes alugados sem ver não faltavam (inclusive um interrompido, completamente esquecido na noite anterior). Mas também porque, mesmo que não tivesse notícias de quando, sabia que tio Manoel voltaria por hoje. 8 horas da manhã, batem na janela ao lado da qual dorme. É ele! Que bom que chegou. Foi tirar a tranca interna e permitir a chegada depois de horas de viagem... Aí vem a pergunta: "E aí, tudo bem esses dias?". Nossa, mãe, eu vi o alvoroço. Thúlio realiza que não foi um pesadelo, mas nem tinha pensado nisso tampouco. E apenas logo desembuchou. Precisava resolver o bloqueio do cartão de crédito, única coisa de real importância (assim julgo) na carteira. Outras três coisas eram o cartão do seguro de viagem (que mostra números e etc...), a cópia do passaporte, e o dinheiro, claro (lembro-me de uma nota de 20 e muitas outras de 1). A mãe logo fez o bloqueio, e ligou para ele para que verificasse se não haviam usado nas últimas vinte e quatro horas. Formigas nos ombros, talvez uma descrição do otimismo suprimido. Haviam sim usado o cartão. E três vezes, num total que não deve chegar aos 40 dólares. Com tal notícia, qualquer intenção de ir ao cinema para verificar uma última e recomendada vez se não haviam encontrado nada - a limpeza real da sala só é feita depois da última sessão, entre uma e outra sessões anteriores o lixo é praticamente varrido para debaixo das poltronas -, afinal alguém pegou e usufruiu dos possíveis introdutores da injustiça no velho comércio (ele sim, e aqui são todos verdinhos...). Surge o medo de que tenham tirado de bolso enquanto estava na fila da pipoca, o que acho possível mas não tão insensível, já que a carteira estava cheia de moedas (quem merece troco de um centavo toda hora...). Há mais algo a fazer? Não sei, nem em terras tupiniquins saberia por onde começar. O jeito foi assimilar e conversar com as pessoas que entravam na internet. O humor não estava abalado, mesmo que a noite tenha sido de pouco sono. As palavras de correspondência afastavam as coisas ruins. O preparo do almoço mais caprichado das últimas duas semanas também o faziam - fui descascar e amassar batatas, para um puret (apreciado sim, mas a batata é meio doce demais...). Depois de uma manhã e tarde de conversas em rede, tomei um banho e assisti ao resto do filme, interrompido por um objetivo não alcançado. Falar assim parece muito dramático, como se o fato de não ter alcançado o objetivo como se pretendia fosse o que há de mais importante. Parece inclusive com a história do filme em questão, Nascido em 4 de julho (com um tema musical que embora repetitivo me arrepia, digo isso porque a escrita daquele primeiro parágrafo foi mediante seu toque), em que objetivos são reanalisados.

Assim, deixei claro que desde que o filme acabou escrevo sobre a trajetória desses últimos dias de Thúlio. Foram sim emocionantes. Eu estava lá e vi por um ângulo especial. E fui eu que pensei naquele primeiro parágrafo. Afinal, a vida pregou uma com Thúlio. Sei que agora eu o descontradigo - já que Kubrick nunca se explicava, isso é importante para ele - mas houve questionamentos demais nessa cabeça. Mas será que a chegada de um novo cartão na manhã seguinte não quis dizer nada? Pois é, foi-lhe feito outro cartão enquanto ele estava por aqui e simplemente seu surgimento (não de surpresa, mas de desprevenção) é algo interessante. A resposta nào é fácil, e francamente ela não estará aqui. Amanhã é outro dia.

Sim, isso ficou grande! Throdo se descontrolou mas falou o que precisava. Só para terminar, a usual relação de filmes vistos no cinema:

You, Me and Dupree
Pirates of the Caribbean - Dead Man's Chest
Pirates of the Caribbean - Dead Man's Chest
X-men: The Last Stand
Little Man
Superman Returns

PS: Piratas do Caribe já é a maior bilheteria do ano nos EUA em 10 dias, com 258 milhões de dólares estimados.